quarta-feira, 26 de março de 2008

Entrevista à DERN (Sr. António Cardoso)


1) Como surgiu este projecto?

Isto já surgiu há muitos anos. Isto começou por mim e eu tenho uma formação electromecânica e portanto nunca exerci essa área, mas foi uma área em que tive sempre à vontade com tudo isto. Trabalhei na têxtil, quando a têxtil começou a entrar em crise afastei-me da têxtil e iniciei este tipo de actividade juntamente com o meu filho, na altura ainda estava a estudar, dava-me mais apoio na parte técnica, económica, contabilista e organização interna. Eu comecei a frequentar feiras, comecei a inserir-me em tudo isto, porque apesar da minha formação electromecânica, isto é uma formação muito específica, de forma que começamos a arranjar informação específica e começamos a criar o projecto. Nós começamos já faz 3 anos em Fevereiro deste ano e inicialmente pensamos em envergar pela Domótica, achávamos que era uma área interessante, uma área a desenvolver, a explorar, mas chegamos à conclusão, rapidamente, que a Domótica é uma área demasiado elitista. Na Domótica pura há pouca gente, mas na Domótica pura há pouca clientela para isso, porque é isso é supérfluo, dará conforto. A Domótica tem muitas vantagens em termos de conforto, controlar uma casa, mas isso é economicamente desvalorizado pelas pessoas. Mas a maior parte das pessoas não está muito preocupada, quando aprendem Domótica - a Domótica é um pouco mais evoluída - começam a não saber usá-la. E isto é quase como os computadores e como os telemóveis que têm milhares de funções e nós no dia-a-dia usamos meia dúzia e nada mais, e a Domótica é exactamente isso, e quando as pessoas começam a entrar em funções - nas quais não estão à vontade - começam a baralhar tudo, vão pedir assistência e começam a dizer que não funciona, quando não é verdade, porque as pessoas não sabem usar isso. Portanto, começamos a secundarizar a Domótica e envergar pelas energias renováveis, até porque é um mercado emergente, fala-se muito, é actual, é oportuno, é bom para todos, para os novos e para os vindouros e começamos, realmente, a entrar forte nisso. Portanto, o projecto começou por aí, começamos pelas feiras, a fazer contactos com fornecedores, já há vários aqui no mercado, mas não há assim tanta oferta e não há fundamentalmente qualidade, há alguma mas não há muita qualidade. Tiramos cursos de especialização, quer eu, quer o meu filho, quer mais outro funcionário que temos. Estamos preparados para fazer esse tipo de instalações, frequentamos cursos em Lisboa do ENEQ, portanto estamos preparados para dar todo o tipo de assistência a todo o tipo de montagem. Também é uma área que começa a ser hoje já muito falada e despertar muitos interesses e portanto a montagem começa a ser um bocado complicada, porque hoje um canalizador, hoje um electricista está à vontade para montar isso, pode não estar preparado tecnicamente, pelo menos não ter formação especifica para isso, mas hoje isto a maior parte dos sistemas vendem-se em kits, os kits são fáceis de montar, mas tem grande técnica, desde que siga algumas regras elementares e não se invente nada, isto é uma montagem acessível a um técnico responsável. De forma, como começamos a notar também alguma concorrência nesta área, começamos a entrar pela comercialização. Nós hoje basicamente comercializamos e instalamos aquilo que não se consegue que a instale, procuramos vender e instalar. Isto foi o início do projecto. Entretanto, como a outra empresa com quem estávamos a trabalhar nisto - também ligada à imobiliária , notávamos alguma retracção, pelo menos quando falávamos com empreiteiros, com construtores, com promotadores imobiliários que julgávamos mais um concorrente do que um prestador de serviços. Foi quando surgiu a ideia de formarmos uma empresa especificamente para esta área, como estava eu e o meu filho já a trabalhar nisto, entrou a minha filha, que entretanto acabou o seu curso e fizemos a empresa, que está no nome deles, que são os donos da empresa. A DERN surgiu no final do ano 2006 passando, por razão estratégicas, a trabalhar em 2007. Portanto foi uma continuação de uma sequência da outra empresa que já existia e com quem estávamos a trabalhar.

2) Há muita gente interessada em adquirir este tipo de energia?

Toda gente está interessada em adquirir este tipo de equipamentos. Só que estamos numa área que as pessoas não só pela falta de dinheiro como é uma zona onde domina a classe média/baixa, ou seja, constituída basicamente por famílias que não têm recursos. Toda a gente gosta de poupar, toda a gente estaria interessada em montar isto, só quando se fala 2000/2500/3000/3500€ as pessoas começam a pensar duas vezes, porque não têm esse dinheiro, muitas vezes, para investir. Por conseguinte, apensar de saber que há muita gente interessada, não instalam por esse facto. Em cada cem propostas que recebemos, 10/15% é que terão transformado em negócios. Isto é um negócio em que é preciso trabalhar muito para depois aproveitarmos cerca de 10/15%, no máximo. Eu vejo que há muita gente interessada nisso, mas não tem reflexo em termos de facturação desse interesse na empresa.

3) Tem conhecimento de projectos que englobem a instalação de Domótica e Energias Renováveis na cidade de Barcelos?

As pessoas de Barcelos ainda têm a mentalidade de que o que é de fora é bom. Contudo, os de Barcelos são os preferidos em relação os de fora, não pela qualidade, não pelo produto mas simplesmente porque são de fora. Presumo que também não tenhamos feito um serviço de divulgação muito forte, até porque o nosso website ainda se encontra em construção. Mas também temos tanto serviço fora de Barcelos que também acabamos por não puder deitar as mãos a tudo. As terras onde trabalhamos são, basicamente, braga, temos alguns em Barcelos, Viana do Castelo, Esposende, Póvoa, Ponte de Lima, porto. Aqui em Barcelos, as coisas não têm a força, o impacto que gostaríamos que tivesse. Não temos simultaneamente um projecto em que tenha a instalação de Domótica e de Energias Renováveis. Temos um em Esposende que engloba os dois, sendo esta uma empresa promotora imobiliária.

4) Executam instalações do sistema em causa noutras cidades, para além da nossa?

Na pergunta anterior já referi as regiões em que estamos a trabalhar. Basicamente trabalhamos fora.

5) Qual a região que se destaca?

É a de Braga que mais se destaca, onde temos feito mais instalações.

6) Qual o nível económico das pessoas que mostram interesse em adquirir as energias e as que adquirem?

Com as nossas regras é obrigatória, todo o tipo de construção tem que levar energias renováveis, os painéis solares térmicos - aquecimento de águas quentes sanitárias (AQS). Toda a gente, independentemente do seu estatuto económico, sempre que faz uma construção ou renovação numa casa, terá que aplicar este equipamento. Independentemente desta obrigatoriedade, há muita gente que está interessada, mas eu diria que é uma classe média que tem mostrado mais interesse em adquirir isto, principalmente por uma razão económica, não por interesse ou por valorizar isto.

7) Qual a percentagem?

Não é fácil falar em percentagens o que cada um gasta, o que cada um tem. Mas por aquilo nós vemos, eu creio que a percentagem maior em relação às pessoas que não são obrigadas a instalar isso, a classe média estará numa percentagem elevadíssima, à volta dos 80/90%. E quando falo em classe média, estou a falar num funcionário, num empregado por conta de outrem, num pequeno comerciante ou então num empresário.

8) Quem adquire mais? As empresas ou os particulares?

Neste momento são as empresas. As empresas estão a adquirir mais. E estão a faze-lo por obrigatoriedade da lei, a lei obriga-os a adquirir e eles têm que o fazer. Neste momento, temos um grande projecto em Gamil, que são 60 vivendas, estamos a instalar em 60 vivendas, são obrigados a implementar, ganhamos o concurso e estamos a trabalhar nisso. Agora o grande mercado é as empresas, não descurando os particulares. As empresas construtoras ou promotoras imobiliárias.

9) As instalações deste tipo de energias são muito complexas? E os orçamentos são elevados?

Há vários níveis de instalações e vários níveis de complexidade - ou não - da montagem e dos orçamentos. Aquilo que é obrigatório hoje, que é as águas quentes sanitárias, hoje, há kits e é muito fácil montar. Quando sairmos desta obrigatoriedade e começarmos a pensar em aquecimento central, aquecimento de piscinas, começarmos a pensar em orçamentos de grandes empreendimentos, então aí sim, isso já é engenharia, são coisas já complexas que não há muitas empresas especializadas nisso, aí já conseguimos ultrapassar algumas empresas que trabalham connosco cá em Barcelos. Os orçamentos vão desde 2000 a 200.000€. há orçamentos que são para todos os gostos, depende, assim, do projecto, quando falamos em piscinas municipais, por exemplo, também estamos a entrar nessa área, são projectos sempre para os 100.000/200.000€, são orçamentos muitos grandes. Mas acabam por ser rentabilizados ao longo do tempo, e esses, muitas vezes, mais rápido do que outros.

10) Quais os benefícios deste tipo de energias relativamente ao consumidor e ao ambiente?

Quanto ao ambiente, creio que os benefícios são públicos, isto tem todas as vantagens que queiram associar a isto, este tipos de energias são completamente inóquas ao ambiente, inóquoas em relação a sua produção de energia. Contudo, no caso da energia eólica, por exemplo, tem existido algumas preocupações nomeadamente por parte dos ambientalistas, por causa do ruído que fazem as turbinas, muitas vezes tem que se deitar abaixo pinheiros e vegetação das matas, há muitas aves que morrem, mas é um mal necessário porque há formas de compensar tudo isto. No caso do fotovoltaico não há qualquer manifestação, não há qualquer problema. No caso da biomassa, e uma forma de aproveitar os resíduos florestais, fazer uma limpeza das matas, andam pai a queimar matas andam pai, com a limpeza de matas para aproveitamento de biomassa evita-se muitos incêndios. O uso destas energias tem todas as vantagens possíveis.
Quanto ao consumidor, as energias oferecem benefícios do tipo, ninguém vive sem electricidade, sem aquecimento, sem conforto, não criando poluição é benéfico para todos

11) O governo apoia, financeiramente, as pessoas que adquirem?


Não há grande coisa. Este ano já se nota algo de novo, o que havia o ano passado, falando do consumo particular, havia um de benefício fiscal de 750€ mas era cumulativo com o empréstimo bancário, ora todas as pessoas que recorrem a empréstimo bancário para compra de casa absorve imediatamente toda esta verba e por conseguinte as energias renováveis não tinham qualquer lugar.
No orçamento de 2008 já foi previsto uma nova cláusula para apoiar os consumidores relativamente às energias renováveis.
Em termos de empresas, IVA favorável na instalação de energias quando a venda e de kits de 2%.

12) Já contactaram clientes com este tipo de instalação há algum tempo, no sentido de se inteirarem da sua (in)satisfação dos mesmos relativamente ao serviço?


Como instaladores, temos que dar uma garantia de 6 anos em todas as instalações que fazemos, isto veio acabar com aquele processo em que qualquer um instalava este tipo de energias, muitas vezes as pessoas nem reclamavam porque nem sabiam se estavam a ter lucro, hoje em dia a lei esclarece que quem faz instalações tem que ser qualificado, tem que ter uma garantia de 6 anos desde que haja um contrato de manutenção, para alem de que as pessoas estão melhor informadas sobre o assunto.
Os graus de satisfação são elevados, desde as primeiras instalações que fizemos. O ano de 2007 foi um ano excepcional de sol o que contribuiu para uma maior satisfação, muita gente teve um benefício de 80% 85% a media prevista anual e de 65% mas não quer dizer que este ano seja igual, pois não temos poder sobre o sol.
Não se prevê grandes mudanças neste ramo, porque o que esta em causa não e tanto a técnica mas sim a quantidade de sol que recebemos. Não temos conhecimento de que haja alguém insatisfeito com o nosso serviço.

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